Andy Carroll: da ascensão à seca de gols
Por: Lucas Barboza
Com 32 anos de idade, Andy Carroll não sabe por qual clube irá jogar na próxima temporada. O atacante apareceu na lista de dispensados que o Newcastle United enviou à Premier League, mas a imprensa local afirma que o camisa 7 dos Magpies ainda negocia uma renovação.
Querendo mais oportunidades, é possível que Carroll deixe mais uma vez o Toon, onde foi revelado. Com apenas um gol marcado na Premier League nos últimos três anos, não deve haver muitas chances na elite, mas como ele chegou nessa situação? Essa é a história que iremos contar agora.
O início no Newcastle United
Natural de Gateshead, região próxima a Newcastle upon Tyne, e nascido em 6 de janeiro de 1989, Andy Carroll assinou seu primeiro contrato profissional com o Newcastle United em 2006, e em novembro do mesmo ano, estreou na equipe profissional contra o Palermo pela antiga Copa da UEFA. Aos 17 anos e 300 dias de idade, tornava-se o jogador mais jovem do clube a atuar numa competição europeia. Em sua primeira temporada, foram apenas quatro partidas pela Premier League, que não chegaram a somar 90 minutos em campo.
Na pré-temporada seguinte, Andy Carroll chegou a ser elogiado por uma lenda do futebol:
Carroll é o que nós chamamos na Itália de “atacante pincel”. Ele estava ali para dar o toque final. Ele será valioso porque consegue encontrar os jogadores mais baixos ao seu redor de formas diferentes e já mostrou ter um ótimo conhecimento. — Gianluigi Buffon
A altura talvez seja a principal característica de Andy Carroll. Com 1,93m, o atacante mostrava muito perigo na bola aérea, além de ter um forte porte físico, sendo um jogador difícil de marcar. Ainda muito novo, foi emprestado ao Preston North End por seis meses para ganhar experiência. Ao retornar para os Magpies, foi titular pela primeira vez na última rodada da temporada 2007/08, numa derrota por 3 a 1 para o Everton em St. James’ Park.
Em 2008/09, Andy Carroll viraria uma opção mais corriqueira na equipe principal. Foram 14 partidas e três gols marcados pela Premier League, mas não foi suficiente para evitar o rebaixamento do clube. A equipe passaria por uma reconstrução e Carroll teria a oportunidade perfeita para se firmar de vez, ao mesmo tempo, seus primeiros problemas extracampo apareceriam.
Quem já assistiu Geordie Shore, o reality show da MTV que se passa em Newcastle, sabe como a noite da cidade é “animada”. Andy Carroll se envolveu em diversas brigas em bares e foi acusado várias vezes de agressão a homens e também mulheres. Em um desses episódios de violência, sobrou até para Steven Taylor, seu companheiro de Newcastle United, que numa discussão entre os dois, acabou ficando com o queixo quebrando, enquanto Carroll sofreu fraturas nas mãos.
A ascensão ao futebol inglês
Com as saídas de Michael Owen, Mark Viduka e Obafemi Martins, era a hora de Andy Carroll brilhar. Titular durante praticamente toda a competição, foram 17 gols marcados e 12 assistências em 39 partidas, sendo a principal peça do retorno dos Magpies a elite do futebol inglês. De volta a Premier League, Carroll ganhou a camisa 9 do Newcastle United, a mais lendária da história do clube, e sua retribuição foram 11 gols marcados nas 20 primeiras rodadas.
Seu desempenho chamou a atenção de Fabio Capello, treinador da seleção inglesa na época, e em novembro de 2010, Andy Carroll foi convocado pela primeira vez. Quem também havia se interessado pelo jogador era o Liverpool. No fim da janela de transferências de janeiro de 2011, na mesma noite em que os Reds venderam Fernando Torres para o Chelsea, o clube foi atrás de Carroll e o contratou por 35 milhões de libras. Naquele momento, o agora camisa 9 do Liverpool era o jogador britânico mais caro da história, o oitavo mais caro de todos os tempos e permanece até hoje como a maior venda do Newcastle United. Sua estreia demorou a acontecer por conta de problemas musculares e o jogador não conseguiu manter seu faro de gol naqueles meses restantes: foram apenas dois gols em seus primeiros quatro meses na equipe comandada por Kenny Dalglish.
Em 11/12, sua primeira temporada completa pelo novo clube, a expectativa era que estaria adaptado, mas dentro das quatro linhas, não foi isso o que aconteceu. Em 47 partidas, somando todas as competições, foram apenas nove gols marcados e cinco assistências, muito pouco para alguém que era o jogador mais caro do elenco, e pelo preço naqueles dias, uma verdadeira fortuna.
O mar de lesões
Com a chegada de Brendan Rodgers ao Liverpool em junho de 2012, o treinador norte-irlandês não contava com Andy Carroll em seus planos e emprestou o jogador ao West Ham United, que era comandado por Sam Allardyce e tinha Kevin Nolan em seu elenco, ambos velhos conhecidos de seu tempo no Newcastle United.
Apesar de alguns problemas físicos, Carroll jogou a maior parte da temporada, e com sete gols marcados, ajudou a equipe terminar em 10º lugar e fazer uma campanha sólida neste retorno dos Hammers à Premier League. O clube optou pela contratação em definitivo e desembolsou 15 milhões libras por seu passe em definitivo, transformando-o em seu jogador mais caro da história na época e um contrato de seis anos foi assinado pelo jogador. Mas no início da temporada 13/14, por conta de uma lesão no calcanhar e uma fratura no pé, Andy Carroll reestreou pelo West Ham apenas em janeiro de 2014. Ainda suspenso por causa de uma expulsão, foram apenas 15 partidas naquela Premier League e apenas dois gols marcados. Na temporada seguinte (14/15), duas lesões sérias nos joelhos diminuíram a sua marca: Andy Carroll entrou em campo 14 vezes e marcou cinco vezes.
Em 15/16, inicialmente recuperado, Andy Carroll teve sua melhor temporada pelo clube de Londres: foi titular 13 vezes e marcou nove gols na Premier League, mas nos anos seguintes, as lesões voltaram a aparecer. Em um levantamento feito utilizando os dados do Transfermarkt, em seis anos de West Ham United, Andy Carroll perdeu 49,5% dos jogos de Premier League porque estava lesionado, ou seja, praticamente só esteve disponível em metade dos 228 jogos que o clube disputou nesse período pela primeira divisão inglesa. Carroll deixou os Hammers no fim do seu contrato, em junho de 2019, com seu último gol marcado em abril de 2018. Nesse mesmo ano, numa entrevista a rádio inglesa talkSPORT, Sam Allardyce culpou o estilo de vida do atacante por sua condição física:
Ele (Andy Carroll) e Kevin Nolan gostavam de uma noitada. Não tem nada de errado nisso, mas depende do quanto e quando você faz isso. Uma vez na semana, tudo bem, mas no nível da Premier League, você não pode abusar do seu corpo atualmente.
Retorno ao Newcastle United e o futuro
Contratar um atacante que não marcava gols e não conseguia jogar foi visto com desconfiança por alguns torcedores do Newcastle United, que logo quando souberam que o jogador estava próxima de voltar ao clube, classificou a investida como uma jogada de marketing. A teoria era que a volta do atacante serviria para acalmar os ânimos da torcida alvinegra, que estava inconformada com a saída de Rafa Benítez e a chegada de Steve Bruce.
Numa espécie de contrato por produtividade, assinado em julho de 2019, o atacante receberia de acordo com a quantidade de vezes que entra em campo, e nessa altura da vida, dinheiro não é problema para ele: em maio daquele ano, Andy Carroll foi listado pelo jornal The Times como o 14º esportista mais rico do Reino Unido abaixo dos 30 anos, com uma fortuna avaliada em 19 milhões de libras. E se a questão não é financeira, a grande dúvida é sobre o que ele ainda pode oferecer dentro de campo. Com apenas um gol marcado desde seu retorno ao nordeste da Inglaterra (contra o Leicester City no primeiro dia de 2021), Big Andy quer mostrar que ainda pode ser útil.