Do Big Six para Os Outros 14: mudança de ares pode ser vantajosa para os envolvidos

Os Outros 14 PL
4 min readAug 18, 2021

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Joe Willock é apresentado para mais de 50 mil torcedores do Newcastle em St. James’ Park.(Foto: Getty)

Por: Lucas Barboza

Começar num clube de menor investimento e acabar indo para uma equipe gigante: este é o roteiro da carreira de vários jogadores de futebol ao redor do mundo, e a Inglaterra não é exceção. Nesta janela de transferências, apenas Ben White e Jack Grealish movimentaram 150 milhões de libras ao serem negociados com Arsenal e Manchester City, respectivamente. Porém, o fluxo contrário também tem se tornado uma realidade no mercado.

Joe Willock, Jack Harrison, Marc Guehi e Tino Livramento se transferiram de maneira permanente para um clube dos Outros 14 durante as últimas semanas. Algumas pessoas podem estranhar essa “descida” de patamar, mas vamos explicar porque ambas as partes podem tirar proveito dessa mudança.

Tempo de jogo

Os clubes do Big Six acabam emprestando suas joias para equipes de menores investimentos para que eles ganhem experiência dentro de campo. Nessa temporada, por exemplo, o Chelsea emprestou Billy Gilmour, Conor Gallagher e Armando Broja para Norwich, Crystal Palace e Southampton, respectivamente. Os Blues mantêm seus jogadores pensando no futuro, enquanto os atletas terão mais espaço para jogar e as equipes que estão recebendo estes jovens, ganham jogadores cheios de disposição para mostrarem seu futebol. Outro jogador que foi emprestado é Axel Tuanzebe, do Manchester United, que irá jogar mais uma vez pelo Aston Villa.

Alguns desses empréstimos são tão bem sucedidos, que acabam virando uma contratação em definitivo, como ocorreu nesta janela com Jack Harrison e Joe Willock, que iremos aprofundar um pouco mais no próximo tópico.

Jack Harrison assina com o Leeds por três anos, após o clube ativar sua opção de compra. (Foto: Leeds United)

Destaque

Ser mais um entre vários e ficar esperando sua vez chegar? Ficar vivendo emprestado até que alguém se interesse por você? São perguntas que os jovens jogadores devem se fazer quando percebem que possuem poucas chances de aparecer por seu clube. E isso deve ser ainda mais intenso quando jogar por alguma equipe do Big Six.

Após quatro empréstimos seguidos, três para o mesmo clube, Jack Harrison finalmente deixou o Manchester City, onde nunca jogou uma partida oficial, e assinou de maneira permanente com o Leeds United, onde é um dos pilares da equipe desde sua chegada em julho de 2018. Outro que nunca havia jogado pelo seu clube era Tino Livramento, que aos 18 anos foi negociado com o Southampton e no último fim de semana fez sua estreia na Premier League. Marc Guehi, que também defendia o Chelsea, chegou a entrar em campo duas vezes pelo clube do oeste de Londres, e após uma temporada e meia emprestado ao Swansea, onde disputou a Championship, se mudou para o sul da capital inglesa e se tornou a terceira contratação mais cara do Crystal Palace, custando 18 milhões de libras, segundo a imprensa inglesa.

Campeão mundial com a Inglaterra sub-17, Guehi terá sua chance na Premier League. (Foto: Crystal Palace)

O caso de Joe Willock é um pouco diferente. Cria da base do Arsenal, o meio-campista atuou 78 vezes com a camisa dos Gunners. Emprestado na segunda metade da última temporada para o Newcastle United, marcou 8 gols em 14 jogos e foi peça-chave para o bom desempenho da equipe de Steve Bruce nos meses de abril e maio. Retornou a Londres na esperança de ter uma nova oportunidade com Mikel Arteta, o que não ocorreu. A melhor opção então era os Magpies, que desejavam sua permanência e que o vê como uma referência.

Aspecto financeiro

Não podemos ignorar o “fator dinheiro” nessa equação. Desde a temporada 16/17, quando o novo contrato bilionário das cotas de tv entraram em vigor, os clubes de menores investimentos aumentaram seu poder de compra, o que ajudou a inflacionar o mercado de hoje. De lá para cá, clubes como Crystal Palace, Newcastle United e Southampton, citados anteriormente, quebraram seu recorde de transferência durante esse período.

Por mais que um jogador inglês vindo de um clube inglês encareça os valores, se tratando de uma jovem promessa, mesmo com pouca experiência na primeira divisão, pode ser um negócio atrativo para o clube que está comprando, porque garante um jogador com muito potencial, e para o clube que está vendendo, que consegue negociar um atleta que, em muitos casos, o próprio clube formou, ou seja, não gastou para contratá-lo, e inserindo uma cláusula de venda futura ou de recompra, ainda consegue lucrar mais para frente ou tem prioridade se quiser o jogador de volta, agora já experiente e pronto para ser titular.

Outro ponto que não podemos esquecer, esse no aspecto um pouco mais social, é o Brexit, que dificultou a emissão de novos vistos de trabalho para quem deseja se aventurar na Premier League. Contratar um jogador que já esteja na Inglaterra é uma dor de cabeça a menos para o departamento jurídico dos clubes.

Não sabemos se esse perfil de negócio é um reflexo direto da pandemia de covid-19, com os clubes ainda reorganizando suas contas, mas por aqui torcemos que mais jogadores se permitam a descobrir o lado dos Outros 14.

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Written by Os Outros 14 PL

A Premier League fora do Big Six, com análises, curiosidades e podcast.

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