Frank Lampard no Everton: o que esperar do novo comandante

Os Outros 14 PL
4 min readFeb 10, 2022

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Frank Lampard em sua estreia com o Everton. (Getty Images)

Após um casamento que durou apenas seis meses e meio, Rafael Benitez foi demitido do Everton. O espanhol teve um início animador, conquistando vitórias importantes na Premier League e alimentando a esperança de que o time azul de Liverpool poderia brigar na parte de cima da tabela.

No entanto, o estilo passivo e de contra-ataque direto começou a ruir e os Toffees perderam 9 dos seus últimos 13 jogos. O péssimo retrospecto colocou o time na briga contra o rebaixamento e a permanência do treinador era insustentável. O Everton então demitiria o que foi o quinto comandante do clube nos últimos 6 anos.

Mudanças na filosofia de jogo eram necessárias. O Everton então decidiu dar início à busca de um técnico, e pelos candidatos que foram sondados parece claro que os requisitos eram um estilo propositivo e uma mente moderna para dar uma nova guinada no Goodison Park.

Frank Lampard então foi contratado. O ex-jogador e lenda do Chelsea vai para o seu terceiro trabalho como Manager na carreira e alimenta expectativas interessantes no clube. Uma grande mudança está prestes a iniciar no Everton.

Isso tudo porque Lampard é extremamente oposto às ideias de jogo do seu antecessor. Enquanto Benitez buscava conseguir pontos através do contra-ataque direto, o inglês de 43 anos aprecia o futebol propositivo e busca fazer mais com a bola em sua posse.

“Quero ver um time confiante na posse de bola, que possa controlar os jogos com a posse de bola e ser muito emocionante de assistir no topo do campo”, reiterou Lampard após sua apresentação.

Sem a bola, Lampard incentiva a busca agressiva pela recuperação dela através da marcação em pressão. Os jogadores não podem assistir o adversário trocar passes e planejar a fase ofensiva. Eles precisam ser agentes no processo de reconquista da posse.

O gráfico abaixo feito pelo The Athletic mostra em quais zonas as equipes da Premier League dominam em termos de posse. Olhando o apanhado do Everton, fica claro a inclinação do ex-treinador espanhol de “saber sofrer”, impondo domínio apenas dentro do seu campo de defesa e nas profundidades das laterais, onde se costuma bombear a bola para a área em cruzamentos.

Gráfico do The Athletic mostra que o Everton tem sido passivo ao recuperar e manter a posse.

De acordo com o The Athletic, tanto o Derby quanto o Chelsea (no périodo em que estavam sob o comando de Lampard) apresentaram um desempenho excelente no índice de passes por ação defensiva (uma métrica que calcula quantos passes o time permite que o adversário faça antes de tentar recuperar a bola). O Derby foi o segundo nesta métrica, enquanto que o Chelsea foi o quinto time que mais pressionava na Premier League.

Frank costuma utilizar o 4–3–3 como plataforma de jogo, embora tenha começado o seu reinado no Goodison Park atuando com 3 zagueiros. As contratações de dois meio-campistas considerados criativos (Dele Alli e Van de Beek) indicam a sua inclinação para um meio que priorizará a fase ofensiva.

Dele Alli é visto como um segundo atacante que segundo o próprio Lampard, é mestre em ocupar os espaços gerados pela movimentação do atacante-referência. Nesse sentido ele pode atuar com mais liberdade no meio ou ser um ala trazendo a bola para dentro.

Van de Beek é visto por muitos como aquele jogador que pode emular Mason Mount nos tempos de Lampard: alguém que pode receber a bola em qualquer lugar do campo e conectar o time. Embora não seja um driblador como Mount, o técnico do Everton confia na capacidade de visão de jogo do holandês.

Lampard costuma dar confiança e liberdade para os jogadores criativos do seu time. (Foto: Getty images)

O sistema defensivo precisará jogar mais alto para estar próximo aos meias. Essa pode ser uma dificuldade no Everton, uma vez que — à exceção de Holgate e Godfrey (que costumava jogar improvisado) — o time não possui zagueiros rápidos e seguros no passe. Ficou nítida a dificuldade de Yerry Mina no jogo contra o Newcastle por exemplo. O colombiano estava extremamente desconfortável ao jogar com a bola no pé.

O problema também passa pelo jogo aéreo. O Everton é um dos três times que mais geram xGA (métrica que calcula a quantidade de gols contra esperados) por bola parada. Ajustar isso deve ser uma das principais prioridades para um time que busca escapar da briga contra o rebaixamento.

Lampard chega com a necessidade de tempo para colocar em prática suas ideias, ao mesmo tempo que a equipe precisa pontuar de imediato para se afastar da zona de rebaixamento. Algo que poderá ser útil nesse processo é a capacidade do inglês de se adaptar às circunstâncias, algo que já foi relatado por membros de sua equipe técnica.

Diferente de Rafa Benitez, ele chega com a confiança e apoio da torcida. É esperado que esse apoio possa fazer a diferença na segunda metade da temporada para os Toffees.

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A Premier League fora do Big Six, com análises, curiosidades e podcast.

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