Leeds United e sua 1ª grande conquista, a Copa da Liga Inglesa
Por: Lucas Bichão
Hoje (24/08), o Leeds United estreia pela Copa da Liga Inglesa e essa pode ser uma competição pela qual vale a pena sonhar. Das últimas cinco finais disputadas, duas delas tiveram participações de equipes d’Os Outros 14. Nessa brincadeira, os Whites entram como fortes candidatos para ir longe, pois contam com um bom elenco e uma estratégia bem definida.
E para levantar a moral da torcida do Leeds, hoje preparamos um passeio pelo túnel do tempo. Pegamos o expresso para 1968, ano em que o clube alcançou o ápice e conquistou um troféu importantíssimo em sua história.
As expectativas para temporada 1967/1968
A anos 60 podem ser considerados como um dos períodos mais vitoriosos do Leeds United. O time começou a década ainda nas divisões inferiores, mas sob o comando de Donald George “Don” Revie o clube chegou ao topo das paradas. Em 1963, os Whites conseguiram o acesso para a Football League First Division (antiga Premier League) e no topo do futebol inglês resolveram ser protagonistas.
Na temporada de 1966/1967, o clube havia alcançado a final da Taça de Cidades com Feiras (versão antiga da Liga Europa). Naquele ano, a equipe estava engasgada com o vice-campeonato da primeira divisão e acabou ficando outra época sem o caneco — perderam a final para o Dinamo Zagreb. Talvez por esse motivo os comandados de Don Revie tenham se empenhado ainda mais.
A Copa da Liga daquele ano começou bem para o Leeds. No dia 13 de Setembro, a equipe aplicou um 3 a 1 sobre o Luton Town com um hat-trick do meio-campista escocês Peter Lorimer. O início com o pé direito dava bons indícios, mas os Hatters não eram nem uma equipe de 1ª divisão para se comparar as forças.
Caminhando com uma defesa sólida
O desafiante seguinte foi o Bury. O Leeds United avançou na Copa da Liga Inglesa sem muitas dificuldades, marcando 3 vezes e não sendo vazado. Na sequência finalmente veio a prova que os Whites precisavam, o Sunderland era um adversário de 1ª divisão e estavam bem no torneio.
A defesa sólida treinada por Don Revie prevaleceu com novo clean sheet, enquanto o ataque foi novamente consistente. Jimmy Greenhoff fez os dois gols da vitória do dia 15 de novembro, mostrando sua veia goleadora mesmo ainda sendo uma jovem promessa. Quase um mês depois, foi a vez do Stoke City ser a vítima — 2 a 0 com Lorimer novamente se destacando.
Após passar pelos Potters, a semifinal era uma realidade. O time estava em seu auge técnico e parte desse sucesso passava pela versatilidade de Greenhoff, Lorimer e Eddie Gray. No texto “The Definitive History of Leeds United”, publicado no site The Mighty Leeds, o trio é destacado como fonte de adaptabilidade tática:
“A formação era geralmente 4–3–3, embora pudesse oscilar entre 4–2–4, 4–4–2 e até 4–5–1, graças à flexibilidade de Lorimer, Greenhoff e Gray.”
Os três deixaram suas marcas na campanha do Leeds United na Copa da Liga Inglesa. Gray balançou as redes justamente no jogo de volta das semifinais contra o Derby County. A partida de ida havia terminado em 1 a 0. Na volta e jogando em casa, os Whites mataram de vez o duelo vencendo por 3 a 1.
Após os 180 minutos jogados e quatro gols marcados, o destino do Leeds estava traçado. Wembley seria o palco da final e o adversário era uma equipe que havia vencido sete vezes a 1ª Divisão. Conquista essa que os Whites nunca haviam conquistado. Pelo peso da camisa, o clube de Leeds chegava como “azarão”.
O título do Leeds United na Copa da Liga Inglesa
A final da Copa da Liga Inglesa ocorreu no dia 3 de março de 1967. De um lado o brasão do Leeds desfilava orgulhoso. Do outro, o Arsenal pisava em campo como o grande favorito. Os canhões de Londres tinham a história ao seu favor, mesmo vivendo um período de vacas magras se comparado com outras décadas.
Enquanto os Gunners se apegavam ao passado, o Leeds se prendia ao momento. Os Whites estavam melhor na 1ª divisão e haviam ganhado em casa do Arsenal por 3 a 1 em novembro de 1966. Na ocasião, Lorimer e Gray balançaram as redes e a torcida esperava um bom aproveitamento desses jogadores.
O time que entrou em campo, segundo o site 11v11, era composto por: Gary Spreaker; Jack Charlton, Norman Hunter, Paul Reaney, Terry Cooper; Billy Bremner, Johnny Giles, Eddie Gray, Paul Madeley; Peter Lorimer e Jimmy Greenhoff.
Um onze inicial que entraria para a história, mas que apenas as cerca de 97 mil pessoas que estavam no estádio veriam a história acontecer na hora do jogo.
Como destaca o Yorkshire Post na reportagem “1968 League Cup final win carried Leeds United into era among the elite”, a final não foi transmitida ao vivo. Isso porque o secretário do torneio, Alan Hardaker, temia que o jogo na TV diminuísse o público. Vale ressaltar que essa era apenas a 8ª edição da copa.
Ideia válida ou não, poucos torcedores do Leeds tiveram o prazer de gritar gol no exato momento que a equipe abriu o placar. Próximo dos 20 minutos, o defensor Terry Cooper se tornaria o herói improvável da conquista. Seu gol de cabeça era a prova de que as vezes a melhor defesa era o ataque.
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O 1 a 0 perdurou até que o apito final viesse e esse ressoou como uma grande trombeta da vitória. Festa dos Whites e tristeza dos Gunners, que além de não viver uma fase boa ainda entravam na história por ceder o primeiro título de elite para o Leeds.
Para se ter uma noção da conquista, apenas dois jogadores do elenco haviam sentido o gosto da vitória em Wembley: Charlton e Giles. O primeiro havia ganhado a Copa do Mundo junto da Inglaterra e o segundo obteve o sucesso jogando pelo Manchester United.
Foi o sabor desta vitória do Leeds na Copa da Liga Inglesa que moldou uma equipe que anos depois seria campeã de tudo no cenário inglês. E de quebra ainda levaria um torneio internacional. Naquela tarde de 3 de março nascia um novo Leeds United, como destacou Cooper ao Yorkshire Post:
“Passamos da noite para o dia de azarões a um time que deveria vencer todos os jogos nos próximos seis ou sete anos”
