Qual é o próximo passo para o Everton?
Em um jogo dramático, o Everton conseguiu recuperar uma diferença de dois gols e vencer o Crystal Palace no Goodison Park por 3 a 2. A vitória selou de uma vez por todas a permanência do clube azul de Liverpool na primeira divisão inglesa e desencadeou uma invasão magnífica da torcida no gramado. Cenas incomuns de se verem atualmente.
Apesar do desfecho final ter sido lindo e uma recordação que jamais será apagada da memória do torcedor, ações precisam ser tomadas. A análise geral e fria é de uma temporada desastrosa.
É verdade que o Everton passou por mudanças profundas à respeito da metodologia de jogo, que foi aleatoriamente definida pelos três treinadores que se seguiram na temporada. Rafael Benitez, que assumiu completamente a gestão de contratações após a saída do diretor Marcel Brands, trouxe jogadores específicos para o seu modelo de jogo.
Isso foi sentido após a chegada de Frank Lampard. Apesar de ter fechado de última hora com alguns jogadores que apoiam a sua visão de jogo (Van de Beek e Dele Alli), a espinha dorsal dos Toffees foi feita para atuar de forma compacta e contra-atacar.
Isso explica, mesmo que parcialmente, a bagunça que foi a temporada 2021/22 no lado azul de Liverpool. Após o alívio da manutenção, é hora de tomar algumas decisões importantes. Listamos algumas que devem ser prioridade para o time.
Frank Lampard permanecerá como treinador?
Naturalmente a primeira coisa a se fazer é decidir se Frank Lampard permanecerá como treinador do time para a próxima temporada. O retrospecto quando analisado pelos números não é favorável: são 20 jogos, 6 vitórias, 2 empates e 12 derrotas. Um aproveitamento de aproximadamente 33%.
No entanto, quando analisamos o contexto sob o qual ele foi posto e a pressão insana por resultados imediatos — o que prejudica a implantação de uma nova filosofia de jogo — é natural que o processo seja mais lento.
Isso não significa que Lampard está isento de críticas. O fator mais nítido foi a sua dificuldade de encontrar soluções para reverter revezes durante as partidas, preferindo quase sempre as substituições “esperadas”. Van de Beek e Dele Alli não conseguiram se firmar como peças principais da equipe e geralmente ele precisou recorrer ao que Benitez havia construído anteriormente.
Nesse ambiente de muita pressão foi levantada a ideia de que o ex-jogador do Chelsea talvez não seja tão bom como técnico. Todos irão concordar que mesmo que o time não tenha sido formado por ele, o Everton é bom demais para brigar contra o rebaixamento.
Nessa questão não é necessário ser extremista. Lampard é um técnico promissor que ainda está em evolução, e é natural que sinta o peso de treinar um clube como o Everton. Porém, ele tem uma visão animadora e é provável que permaneça no comando do time.
Batendo o martelo, podemos ir para a próxima ação importante.
A limpeza do elenco precisa acontecer — e com ela as contratações
Com a permanência de Frank Lampard (ou a contratação de um novo técnico antes da temporada começar) o Everton precisa urgentemente renovar o seu elenco.
Com tantos treinadores tendo passado pelo clube em pouco tempo, o elenco do Everton conta com jogadores de diferentes perfis. Isso tem dificultado a vida de Lampard, uma vez que o grupo herdado por ele foi montado para jogar de forma direta, abusando da rapidez e lançamentos aéreos.
Sendo majoritariamente um treinador que gosta do jogo propositivo, será necessário investimento por parte do clube. Mas antes disso será necessário enxugar a folha salarial.
Atletas como Tom Davies, Fabian Delph, Sigurdsson, Salomón Rondón, Andros Townsend, Anwar El Ghazi e Cenk Tosun devem estar entre a lista de saída. Outros nomes como Michael Keane, Yerry Mina, Allan e Alex Iwobi, embora tenham sido importantes em determinados momentos da temporada, podem ser levados em consideração.
Frank Lampard, se mantido, terá a oportunidade de melhorar o elenco e deixar mais próximo do seu modelo de jogo. Embora não se espere grandes montantes, ele provavelmente estará de olho em boas oportunidades.
Confiança no processo é fundamental
Outro ponto essencial é escolher e se manter fiel à filosofia de jogo, mesmo em momentos revezes. O Everton tem passado por grandes apuros com relação à sua cultura de jogo nos últimos anos. A direção tem buscado desde o futebol pragmático ao de posse, mostrando certa aleatoriedade no processo de escolha de um novo treinador.
Ao firmar um acordo com Frank Lampard (ou qualquer outro treinador) é necessário confiar nessa identidade e entender o tempo como fator crucial na adaptação e familiaridade. Vão acontecer deslizes, como em qualquer período, mas o que vai fazer diferença à longo prazo é a confiança na identidade, tendo em mente o resultado final e não em um bloco de partidas.
Se a diretoria for capaz de agir desta forma a partir deste ponto, os Toffees estarão mais próximos de desafiarem o Big-six. Talvez não nesta temporada, mas em breve.