A dança das cadeiras
Por: Lucas Barboza
Se no último episódio de House of the Dragon, série da HBO que é um spin-off de Game of Thrones, tivemos o início da Dança dos Dragões, n’Os Outros 14 da Premier League estamos passando por outra dança: a das cadeiras.
Em três meses de competição, três treinadores já perderam seus cargos por motivos diferentes: Scott Parker, Bruno Lage e Steven Gerrard deixaram o Bournemouth, Wolverhampton e o Aston Villa, respectivamente.
Primeiro dessa lista, o ex-treinador dos Cherries perdeu o emprego após uma goleada sofrida por 9 a 0 diante do Liverpool. Mas o resultado foi apenas o empurrãozinho que resultou em sua saída. Alguns dias antes da derrota histórica, Scott Parker criticou abertamente a “falta de ambição” da diretoria do clube. Após a partida em Anfield, sua demissão foi anunciada e no comunicado do clube, Maxim Denim, proprietário do clube, rebateu as declarações de Parker:
Para que a gente possa progredir como um time e um clube, é incondicional que estejamos alinhados em nossa estratégia de administrar o clube sustentavelmente, nós também devemos mostrar convicção e respeito por cada um.
Em seu lugar, Gary O’Neil, que fazia parte da comissão técnica do Bournemouth desde fevereiro de 2021, assumiu interinamente e chegou a emendar uma sequência de seis partidas de invencibilidade. Agora acumula três derrotas seguidas, mas não há muitos indícios se deve ser efetivado em breve.
Contratado com muitas pompas, Bruno Lage não conseguiu colocar em prática suas ideias futebolísticas no Wolverhampton, principalmente em número de gols marcados. Na temporada passada, mesmo com o retorno de Raul Jimenez, foram apenas 38 gols marcados durante as 38 rodadas de Premier League. Em suas últimas 15 partidas, conquistou apenas uma vitória e no início de outubro, sua demissão foi confirmada.
O clube foi atrás de Julen Lopetegui, que possui passagens pelo Porto, Real Madrid, Sevilla e protagonizou uma situação delicada durante a Copa do Mundo de 2018, quando treinava a seleção espanhola, mas foi demitido dois dias antes do torneio começar porque aceitou ir para o clube de Madri sem ter comunicado a federação nacional. O espanhol recusou, mas o clube ainda sonha com ele. Enquanto isso, Steve Davis assumiu interinamente até o fim do ano, o que vem se mostrando um risco. Em sete partidas, a equipe somou 4 pontos de 21 disputados, sem deixar a zona de rebaixamento desde o mês passado.
O último a perder seu posto foi Steven Gerrard, um dos responsáveis pela reconstrução do Rangers, da Escócia. Assumir um clube na Premier League parecia o caminho natural para o ex-jogador histórico, que ainda está bem no começo de sua carreira como treinador, mas o Aston Villa ainda parece sentir a falta de Jack Grealish, e mesmo com as contratações de Emiliano Buendia, Leon Bailey e Philippe Coutinho, a equipe parece perdida em seu setor de criação e Gerrard não conseguiu acertar o time.
Em 11 meses no clube, foram 40 partidas (em todas as competições) e apenas 13 vitórias, muito pouco para um clube que investiu aproximadamente mais de 200 milhões de euros em contratações desde o início da última temporada, segundo dados do Transfermarkt. Para completar, em seu último jogo como treinador da equipe, a torcida dos Villans pediu a saída de Gerrard e foi atendida.
Para seu lugar, o clube trouxe Unai Emery de volta à Premier League. O espanhol já passou pelo Arsenal e também foi procurado pelo Newcastle United no ano passado, logo após a compra do clube por um consórcio com envolvimento do governo da Arábia Saudita. Tetracampeão da Europa League (por Sevilla e Villarreal), Emery tem um perfil totalmente diferente de Gerrard: é muito mais experiente e acostumado a grandes jogos. Se ele vai dar jeito num elenco que pode entregar muito mais do que temos visto, com certeza terá sucesso.
Enquanto isso, Jesse Marsch (Leeds United), Brendan Rodgers (Leicester City) e Ralph Hasenhüttl (Southampton) estão sobrevivendo a essa dança, mas com a paralisação para a Copa do Mundo batendo na porta, tudo pode acontecer até lá.